[:br]É fundamental no processo de desenvolvimento de smart cities considerar as mudanças climáticas, o crescimento desordenado da população e o uso indevido do espaço e do solo, assim como os investimentos nas áreas estratégicas de energia e infraestrutura.
Para falar sobre esses e outros pontos fundamentais para a sustentabilidade das cidades e do planeta, entrevistamos Andreia Banhe, Gerente do CDP Cities, States & Region America Latina.
O CPD, organização internacional, sem fins lucrativos, opera o sistema de divulgação global referente às mudanças climáticas, a escassez de água e desmatamento, permitindo que empresas, cidades, estados e regiões meçam e gerenciem seus impactos ambientais. A entidade também apoia o Connected Smart Cities, que acontece em São Paulo, nos dias 04 e 05 de setembro de 2018.
Confira a entrevista com Andreia Banhe:
Qual é a importância do desenvolvimento de smart cities no Brasil?
Andreia Banhe: No Brasil, mais de 80% da população se concentra nos centros urbanos e essa realidade impõe novos desafios para o desenvolvimento sustentável. Nesse cenário, o impacto ambiental dos centros urbanos, além de sua dependência em relação aos recursos naturais, tem aumentado de maneira inversamente proporcional ao crescimento populacional. Esse quadro é resultado de fatores como a ocupação desordenada do espaço e modelos de produção e consumo fortemente dependentes do uso de combustíveis fósseis.
Dessa forma, o desenvolvimento de cidades inteligentes no Brasil é de extrema importância, pois utiliza a tecnologia disponível para que o cidadão e os serviços disponíveis dentro de uma cidade (transporte/mobilidade, coleta de resíduos, notícias sobre as condições meteorológicas) interajam entre si.
Há desafios adicionais considerando que algumas mudanças climáticas já são irreversíveis, o que exigirá dos gestores públicos, negócios e sociedade civil repensar a infraestrutura, com o objetivo de construir resiliência e reduzir drasticamente as emissões e, assim, evitar uma mudança climática perigosa.
Qual é o primeiro passo para o desenvolvimento de smart cities no Brasil no atual contexto socioeconômico?
Andreia Banhe: Integrar a questão das mudanças climáticas ao planejamento de curto, médio e longo prazo e à tomada de decisão nas diferentes esferas nas cidades, assim como construir capacidades internamente para que o tema seja tratado de forma articulada pelas diferentes secretarias, permeando toda a administração pública. E, ainda, conectar as pesquisas realizadas pela academia, direcionar e incentivar os cientistas a utilizarem seus conhecimentos para o desenvolvimento de tecnologias que possam ser utilizadas pelos governos locais, tendo como finalidade a redução de custo do município, qualidade de vida do cidadão e atração de novos negócios sustentáveis.
De que forma o trabalho do CDP contribui para o desenvolvimento de cidades inteligentes, conectadas, sustentáveis e mais humanas?
Andreia Banhe: O CDP Cities é um dos programas oferecidos pelo CDP, que estimula as cidades a tomarem e reportarem ações diante das mudanças climáticas por meio de um sistema on line global e padrão. O exercício de reporte ajuda a cidade na construção de um plano de ação no combate às mudanças climáticas, permitindo que a cidade faça um diagnóstico de suas necessidades para mitigar, onde podemos citar como exemplo o transporte público mais eficiente e com menos emissões de poluentes; e adaptar, por meio de sistema de alerta de inundações, focando nas mudanças climáticas. Essas cidades podem interagir entre si por meio de uma ferramenta analítica que permite a comparação entre cidades, resultando em experiências com êxito de cidades brasileiras e/ou globais para seu município. Atualmente, são mais de 570 cidades globais que compartilham suas ações, dessas 83 são cidades Brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói, Brumadinho, Bonito etc.). Todas as respostas públicas estão disponíveis no site do CDP, por meio do “open data portal”.
É importante destacar que as cidades podem informar ao CDP sobre os projetos sustentáveis para os quais estão buscando financiamento, cabendo à entidade, por meio de seu engajamento com o setor privado, como investidores e empresas, procurar fazer essa ponte entre ambos.
Qual é a importância de um evento como o Connected Smart Cities?
Andreia Banhe: O Connected Smart Cities é muito importante, pois fomenta a colaboração entre os diferentes atores em conversas propositivas para acelerar soluções visando a sustentabilidade das cidades. Além de trazer especialistas da área de Smart Cities, proporciona as rodadas de negócios que reúnem o setor privado e público, para identificarem oportunidades de colaboração e negócios. Isso pode incluir iniciativas e projetos que impactam positivamente na qualidade de vida do cidadão, preservam o meio ambiente e traz redução de custo para a prefeitura e retorno financeiro para o investidor.
E enfatiza: As decisões que empresas, investidores e governos estão tomando hoje em áreas estratégicas como energia e infraestrutura vão definir seu curso de desenvolvimento no futuro. Líderes do setor público e privado estão encontrando formas inovadoras de superar os riscos percebidos pelos investidores em áreas de vanguarda e levantar capital para seus projetos de energia e infraestrutura limpa. Fóruns de diálogo como o Connected Smart Cities reúnem esses atores para prototipar soluções e construir modelos inovadores de parcerias para tornar as cidades mais resilientes e sustentáveis. O CDP também proporciona uma plataforma de engajamento desses atores e, por isso, apoia o Connected Smart Cities. Conhecido antigamente como Carbon Disclosure Project, o CPD é uma organização internacional, sem fins lucrativos, que fornece o maior e mais completo sistema global de divulgação ambiental. Atualmente, mais de 6000 empresas, 60 estados e 500 cidades de todo o mundo reportam seus dados climáticos ao CDP.
Saiba mais sobre o Connected Smart Cities
O Connected Smart Cities, iniciativa que tem o objetivo de desenvolver, nas cidades brasileiras, soluções inovadoras por meio da participação efetiva de empresas, entidades, governo e os cidadãos, contempla os eixos temáticos: Mobilidade, Energia, Meio Ambiente, Urbanismo, Segurança e Tecnologia.
A 3ª edição do evento aconteceu em 2017, na capital paulista. Este ano, o encontro será realizado nos dias 4 e 5 de setembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo/SP.
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